A cor é a percepção dos nossos olhos para o resultado da ação da luz nas superfícies, através de suas reflexões ou absorções.
A influência da cor é algo tão pessoal e intransferível, pois cada indivíduo tem uma reação diferente para cada tipo de objeto. Você já parou para pensar que é o único que percebe a cor daquela maneira, naquele instante de tempo?
Imagine que uma pessoa repleta de bagagem cultural, memórias de fatos vividos, gostos pessoais, estresse, ansiedade, dentre outras influências diversas diárias, precisa descrever uma cor que esteja enxergando em um exato momento. Apesar de parecer algo simples e fácil, basta alguns segundos para percebermos os diversos tons de azul que existem no céu, em um exato momento. Seria simplista demais, agora, diante dessa percepção, a frase óbvia: “O céu é azul”.
A cada momento, a cada ação da luz, a cada sombra, a cada movimento, a cor muda.
A cor mexe com as emoções, mas também auxilia em indicações sem a necessidade de qualquer tipo de linguagem escrita, como nos semáforos e sinalizações de trânsito. Também, as cores são usadas na cromoterapia – tipo de tratamento que utiliza as cores para curar doenças e reestabelecer a saúde dos pacientes.
E na arquitetura? A cor é uma escolha pessoal e empírica do futuro morador ou usuário? Ou carece de auxílio e especificação técnica?
É sabido o modo como as cores podem influenciar no humor e no estado de espírito das pessoas. Cores fortes, marcantes, podem causar um bom impacto inicial, porém, podem levar à náuseas com o tempo, provocando desprezo do usuário.
A cor também pode ser escolhida de acordo com a intenção e o destino da edificação. Por exemplo, uma lanchonete fast food vai abusar dos tons de vermelho e outras cores fortes para provocar a rotatividade do consumidor. Infelizmente, isso também é uma das causas da grande rotatividade de trabalhadores no setor.
Aqui não se busca apresentar um artigo científico a respeito da cor. Mas, sim, sua relação com a arquitetura e a importância do arquiteto na composição do objeto construído.
As cores podem ser utilizadas em elementos construtivos que merecem destaque, como marquises, tesouras, esquadrias, etc. Bem como, podem mimetizar até mesmo falhas construtivas, como rebocos mal-executados. A cor é um real mecanismo técnico que permite o manejo, pelo arquiteto, do que é mais ou menos importante para as sensações, representações e expressões de uma edificação.
Cor x Função
A função da edificação é motivo determinante para a escolha da cor. Um templo religioso terá, certamente, cores diferenciadas de um shopping center, por exemplo. A cor pode trazer serenidade ou pode provocar agitação. O poder da cor nos ambientes, pode relaxar ou provocar intrigas. A responsabilidade no uso da cor é algo primoroso, pois pode acarretar consequências indesejáveis graves. Existem exemplos de lugares mal sucedidos justamente pelas cores a eles atribuídas.
Cor x Forma
O uso da cor no ambiente pode transformar uma forma previamente determinada, dimensionada e estanque. Como? Por exemplo, ao pintarmos apenas as paredes laterais de uma edificação, teremos a sensação de estreitamento.
Outro ponto fundamental e sempre apresentado aos nossos clientes durante o andamento de uma obra é o seguinte: enquanto a obra está bruta, ou seja, sem as cores da pintura, tem-se a sensação de que os ambientes de uma residência ou apartamento são menores. É nessa hora que se esclarece a necessidade de paciência para se aguardar a pintura. Após a pintura, os ambientes “voltam” a ter a característica espacial estudada e entendida durante o processo de apresentação do projeto. Tem-se grande contentamento ao se perceber a sensação de surpresa agradável que toma conta do futuro usuário ao perceber o ambiente maior, após receber as cores desejadas.
Cor x Material
Muitos arquitetos atribuem a cor na arquitetura à natureza do próprio material a ser utilizado. Ou seja, uma parede de tijolos cerâmicos assumirá a cor dos tijolos cerâmicos. Uma parede de pedras naturais, possuirá a cor das próprias pedras. Entende-se esse ato como uma ideia de se deixar o material “falar” por si.
A madeira utilizada em uma porta de entrada pode passar a ideia de boas-vindas ao visitante. Quando a madeira é utilizada na parede ou no piso, sua cor natural, aliada à textura, dá a sensação de aconchego.
O uso da cor no material dos brises de fachada também são estratégias para passar ao transeunte um pouco da característica do usuário daquela edificação. Veja mais em nosso post Os Brises para a Proteção Solar .
Cor x Iluminação
Sabe-se que a luz determina a percepção da cor. Em arquitetura, ainda podemos manusear a cor para que a luz seja realçada. Por exemplo, pintando-se o teto com uma cor mais clara do que as paredes. A luz da luminária de teto irá ser ainda mais difusa, iluminando mais o ambiente e ainda dando destaque para as paredes. Tudo muito sutil, porém, pensado em detalhes pelo profissional.
Cor x Psicologia
Com relação a psicologia das cores, elege-se algumas das mais conhecidas e determinantes:
Amarelo: passa a idéia de otimismo, curiosidade e chama a atenção do público. É utilizado em restaurantes e lojas.
Azul: dá a sensação de confiança e segurança. Por isso é muito usado em escritórios, bancos e ambientes comerciais.
Verde: traz tranquilidade, paz e serenidade. Daí pode-se encontrar seu uso com frequência em farmácias, clínicas e hospitais.
Vermelho: Ao contrário do verde, provoca excitação e ansiedade. Provoca o consumismo e o impulso.
Daí é utilizado em restaurantes fast foods e lojas.
Laranja: É a cor da criatividade. Provoca entusiasmo e euforia. É utilizado em escritórios mais informais e escolas.
Todas as cores podem ser utilizadas. Cabe ao arquiteto medir a quantidade de superfície a ser preenchida, de acordo com o impacto de sensações que irá provocar no usuário. O vermelho, por exemplo, pode fazer parte de um detalhe até mesmo em hospitais ou estabelecimentos de saúde.
Cor x Pantone
Todo ano é eleita a “Cor do Ano Pantone”. Em 2019, a cor chama-se Living Coral e procura representar características de otimismo e reaproximação entre as pessoas. Essas características e a respectiva escolha da cor foram resultados de pesquisas feitas pelas empresa Pantone ao longo do ano passado em diversos ramos da indústria, comércio e do modo de vida atual nas principais cidades do mundo.
Dica Importante
Não se deixe levar por modismos. Esteja atento ao fato de que o seu lar ou ambiente de trabalho é determinante para a sua vida e de sua família.
A cor vista em uma revista ou em um programa de TV normalmente não será a mais adequada para o seu próprio lugar. Nem aquela loja no shopping, possui a “grande ideia” de parede colorida que irá funcionar em seu apartamento. Lembre-se que uso das cores nesses ambientes já sofreram uma intenção e um propósito próprios, bem antes de aparecerem a sua visão. Ou seja, um arquiteto já utilizou as cores e a luz no ambiente, justamente para chamar a atenção e causar destaque.
Procure um arquiteto e exponha os seus anseios, sonhos e desejos, conforme sua real necessidade e verdadeiros gostos pessoais.
Somente com técnica e conhecimento será possível obter um ótimo resultado no uso das cores.
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